sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

QUEM MORRE?


QUEM MORRE?
Pablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os

dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir
uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto sobre o branco

e. . . os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de
emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos
bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,

quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem
não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de inicia-lo, não pergunta

sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam
sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um

esforço muito maior do que o simples fato de respirar.

Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.


ESTEJAMOS SEMPRE VIVOS...


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